Desenvolvida por uma mulher, Wyng Tjun chegou ao Brasil através de um alemão
No Brasil, a autodefesa WT (Wyng Tjun) ainda é pouco conhecida. Apesar das cerca de 60 academias espalhadas por cidades como Belém (PA), Cuiabá (MT), Blumenau (SC), Macapá (AP), Maceió (AL), Brasília (DF) e outras, são pouco mais de 1.000 praticantes da arte marcial. Desenvolvida por uma chinesa, há 300 anos, chegou ao país em 1995, por meio dos alemães Andreas Geller, mestre na arte marcial, casado com uma brasileira e Hans Remmel.
O princípio básico da arte marcial chinesa é a defesa. Ela permite que qualquer pessoa consiga se defender, mesmo que o oponente seja maior e mais forte. Diferente de outras artes marciais que possuem regras e competições, o WT busca anular a força do adversário e nocauteá-lo logo em seguida.
Inicialmente passada de geração em geração de forma secreta, na década de 1950 o ensinamento foi aberto. O famoso ator Bruce Lee aprendeu e trouxe a autodefesa ao Ocidente. Geller conheceu o Wyng Tjun na Alemanha, em 1988, na academia do seu amigo, e ainda hoje, professor Hans Remmel. Ele diz que a procura pela arte marcial está em crescimento, e credita isto à procura por uma autodefesa.
— Aqui no Brasil a necessidade pra se defender é um pouco maior que na Europa, mas também não ensinamos só defesa pessoal.
Além de saber como se defender, o mestre lembrou que quem pratica a arte disfruta de outros benefícios pra saúde, bem-estar e coordenação motora. Também farmacêutico bioquímico, o professor Daniel Avelar fala que gosta de buscar para os alunos o bem-estar que o WT proporciona. Avelar lembra que não é feito nada que vá sobrecarregar algum problema de articulações ou joelhos, por exemplo.
— Isso pra gente é impensável. Se você faz defesa pessoal, pra que sair machucado da aula?
O professor ressalta que também há o trabalho psicológico com os alunos, para que saibam que não são nenhum “super-homem”. Avelar busca deixar claro em suas aulas que os alunos não são invencíveis e, por isso, devem treinar, se dedicar e se defender.
— Isso gera autoconfiança, autocontrole, respeito às pessoas. Trabalhamos com o desenvolvimento pessoal a partir do budismo, fazendo com que ele [o aluno] sempre queira ficar melhor do que era ontem.
Os instrutores Gwidyon Soares e Steven Dorresteijn conheceram a modalidade há quatro anos e meio e também fazem parte da equipe que ministra aulas em Brasília. Eles conheceram a arte chinesa há pouco mais de quatro anos. Ambos por indicação de amigos.
Sem levar na esportiva
A principal diferença entre o WT e outras artes marciais é que não há modalidade esportiva do WT, a arte marcial é simplesmente para autodefesa nas ruas. Daniel Avelar lembra que, por se tratar de autodefesa, não haverá um juiz e nem regras. Portanto vale tudo: são permitidos golpes nas genitálias, dedos nos olhos, cotoveladas e outras técnicas. O professor lembra que não se sabe quando alguém utilizará algum tipo de arma ou sofrerá ataque de outra pessoa.
— Trabalhamos com a ideia de que sempre vai ter alguém maior, mais forte e mais habilidoso. Por isso, o objetivo é terminar o combate da maneira mais rápida possível. Isso é defesa pessoal.
Daniel também confirmou que, para quem pratica o Wing Tjun, o ataque é necessariamente a melhor defesa. Ele acredita que quem espera o ataque do adversário se torna vítima. Além das técnicas de defesa, a modalidade ensina a ter melhor percepção do ambiente em que está.
— Buscamos lugares pacíficos, mas, caso haja uma situação excepcional, temos que fazer alguma coisa. E aí entra a defesa pessoal.
A prática
De acordo com o professor, os públicos alvos são dois já definidos. Um deles procura o WT como defesa pessoal; o outro grupo são aqueles que procuram como prática desportiva. Ele ressalta que muitos alunos chegam sem autocontrole, autoconfiança, e problemas articulares. Hoje, a turma tem 15 alunos, mas já teve 42.
— Tudo é dividido em programas e existem aulas específicas para crianças, adolescentes, adultos, homens e mulheres. Avelar garante que qualquer um pode aprender.
Fonte: Portal R7